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Identidade não humana: o elo mais fraco da cadeia de segurança

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Quando falamos em segurança digital, a maior parte das estratégias ainda se concentra em proteger usuários humanos — colaboradores, prestadores, parceiros. Mas existe um tipo de identidade que cresce silenciosamente nos ambientes corporativos e que muitas vezes não recebe a devida atenção: as identidades não humanas.


O que são identidades não humanas?

Identidades não humanas são contas ou credenciais usadas por aplicações, serviços, scripts, bots e máquinas para se autenticar e interagir com outros sistemas. Exemplos incluem:

  • APIs acessando bancos de dados;
  • Scripts de integração entre sistemas;
  • Serviços automatizados em nuvem;
  • Contêineres ou workloads que precisam autenticação;
  • Ferramentas CI/CD que fazem deploys automáticos.

Essas identidades, embora não sejam pessoas, têm acesso privilegiado e, muitas vezes, crítico. E é exatamente por isso que são alvos atrativos para invasores.


Por que são o elo mais fraco?

  1. Falta de visibilidade
    Muitas organizações não têm um inventário completo dessas identidades. Elas são criadas, esquecidas, reaproveitadas… e permanecem ativas mesmo após mudanças nos sistemas.
  2. Credenciais expostas
    É comum encontrar chaves de API, tokens ou senhas hardcoded em scripts, armazenadas em plain text ou vazadas em repositórios públicos.
  3. Privilégios excessivos
    Identidades não humanas costumam ter permissões além do necessário, muitas vezes com acesso irrestrito a ambientes sensíveis.
  4. Ausência de rotação e expiração
    Enquanto usuários humanos trocam senhas periodicamente, identidades de máquina permanecem com as mesmas credenciais por meses — ou anos.

Casos reais e riscos

  • Vazamentos de chaves AWS em repositórios GitHub levaram a sequestros de infraestrutura em nuvem.
  • Invasões sofisticadas exploraram credenciais de serviços mal protegidos para movimentação lateral em ambientes corporativos.
  • Explorações de APIs sem autenticação adequada permitiram acesso indevido a dados sensíveis.

A mensagem é clara: as máquinas também precisam de identidade — e governança.


Como proteger identidades não humanas?

  1. Descubra e catalogue todas as identidades de máquina no seu ambiente.
  2. Implemente o princípio do menor privilégio, mesmo para scripts e serviços.
  3. Use cofres de segredos (vaults) para armazenar e proteger credenciais.
  4. Rotacione senhas e tokens automaticamente.
  5. Aplique políticas de autenticação forte também para serviços, como certificados e autenticação mútua.
  6. Audite e monitore constantemente o uso dessas credenciais.

Conclusão

Proteger identidades não humanas é um passo fundamental na evolução da segurança cibernética. Ignorar esse ponto é deixar uma porta aberta, invisível, mas acessível.

Se você está construindo uma estratégia de Zero Trust, lembre-se: Zero Trust também é para robôs.
E, muitas vezes, é neles que o elo mais fraco da sua cadeia de segurança está escondido.